segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Cansaço

Ando escrevendo muito pouco. Minha culpa, que me deixei abater por um sentimento de impotência frente ao tamanho e a quantidade de moinhos de vento que andei encontrando pelos caminhos. Reconheço que, quixotescamente, deveria ter continuado a minha jornada na busca da... do que mesmo?

Não nos é lícito querer mudar o mundo. Diz o provérbio que é mais sábio reconhecer a imutabilidade de certas coisas e aceitá-las da forma como são. Derrotismo ou realismo? A resposta é difícil e está contida no próprio conceito do provérbio: é preciso sabedoria para distinguir a diferença.

Declaro-me, pois, ignóbil, não sábio o suficiente para reconhecer a diferença. Para mim tudo são moinhos, os reais e os imaginários.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Eles sempre conseguem

Estava lendo o último post desse blog, datado de janeiro, lá se vão quase dez meses, quase um ano sem escrever nada por aqui. O assunto do post era a batalha da oposição - leia-se petistas e seus asseclas para desacreditar o governo do estado.

Ganharam a batalha e, pelo que se desenha nas pesquisas de opinião, a guerra também. Quando a Polícia Federal concluiu o inquérito da operação realizada sobre as fraudes do Detran e não indiciou gente do governo, o resultado não agradou aos oposicionistas - mesmo que se cumprindo o que mandava a lei, pois não havia provas que justificassem o indiciamento.

O Ministério Público se debruçou durante mais de um ano sobre as chamadas 20.000 horas de gravações telefônicas e também não conseguiu o indiciamento. Foi preciso ouvir a famosa ligação entre Lair Ferst e Marcelo Cavalcante (dois "insuspeitos" falando sobre um terceiro) para que as provas surgissem - como se um "disse-me-disse" se constituísse em prova judicial válida e inconteste.

Mas foi o bastante para que se instalasse uma nova CPI - os deputados situacionistas caíram no ardil, e eles sempre caem! - e para que as cobras mandadas de sempre (Sindicatos dominados por petistas) solicitassem o "impeachment" da governadora. Depois que o presidente da Assembléia Legislativa decidiu "imparcialmente" sobre o andamento do pedido, o mesmo foi encaminhado para o plenário da casa para ser analisado.

Como o governo conta com a maioria é lógico que tem maioria na comissão e que - também pela mesma lógica e pela inexistência de provas materiais - deve concluir pelo arquivamento do pedido. A oposição esperneia, só o governo federal pode ter comissões chapas brancas que encerram as CPIs que não lhe agradam; aqui o mesmo raciocínio não é válido.

De qualquer forma, como escrevi acima, a guerra já está ganha. A intenção maior era - e sempre foi! - desacreditar o governo do estado e isso já foi obtido pelos ardis petistas conforme indicam as estatisticas de intenção de voto realizadas no Estado.

Deus, que seja feita a Vossa vontade e não a minha, mas, se possível, livrai-nos do Tarso, amém!

sábado, 17 de janeiro de 2009

Políticas Públicas

Assistimos aqui no Rio Grande do Sul um embate entre a utopia e a realidade. Partindo do princípio de que o Estado faliu -e só não o fez formalmente porque se trata de um ente protegido pelo direito público! - o atual governo poderia agir de duas formas: fazer o que os outros vinham fazendo, i.e., rolar o problema para o futuro; ou fazer o que este governo está fazendo, tentar resolver a parada com um choque na gestão das despesas.

A oposição faz o jogo de qualquer oposição: "bravateia". Fala em opção política, em neoliberalismo, como se a atual situação fosse fruto do gosto pessoal de quem administra, ou numa possibilidade de fazer o impossível: administrar sem recursos. Querem recursos para a educação, saúde e segurança, mas não dizem de onde devem ser retirados.

O Cpers - Sindicato de classe dos professores do Estado - joga com o emocional e apela aos pais dos alunos para que comprem a briga pela educação - i.e, pelos salários da classe. O única coisa que não me agrada é a atuação francamente partidária da instituição - durante o governo petista no estado comeram o pão que o diabo amassou e permaneceu muda e caluda.

Não se pode acreditar nos bons propósitos dessas instituições partidarizadas: alguém sabe me dizer aonde andam os caras pintadas da UNE?

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Os mais cidadãos

A Globo noticia que um dos matadores do jornalista Tim Lopes teve o pedido para visitar familiares negado por juiz da Vara de Execuções Penais do Rio de Janeiro. Pelo visto já funcionou a pressão exercida junto ao judiciário e em favor da memória do Jornalista das Organizações Globo.

Agora, baseado no princípio de que todos são iguais perante a lei, só estou esperando que a medida seja extendida para os matadores dos outros 49.999 brasileiros que perdem a vida todo o ano. Espero que as Organizações Globo comecem imediatamente uma campanha em favor de todos.

Vou esperar sentado. Bem sentado...  

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Einstein

Certo estava Einstein quando afirmou que "não existe medida para o tamanho do universo, mas maior ainda é a imbecilidade humana". Estava ouvindo um professor da rede estadual aqui do Rio Grande do Sul afirmando que a greve da classe por melhores salários poderia ser resolvida por "uma melhor distribuição de renda no mundo". Entendem agora o que eu digo?


sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Um país surreal

Estava conferindo as notícias do dia e não pude evitar um pensamento. Está ficando surreal viver no Brasil. Não sei dizer com certeza se foram as pessoas, que perderam o real sentido do que está acontecendo, ou se sou eu, que estou exagerando. A situação faz lembrar coisas impensáveis: mistura festa com morte, tragédia com alegria.

Você conversa com alguém que diz: "Por favor, me aguarde, um momentinho. Só vou até ali ser assaltado e já volto". Vivemos numa Terra de Marlboro, uma terra sem lei, ou regida pela lei do calibre mais pesado, do criminoso mais audaz, do bandido mais confiante ou mais impune.

Seqüestros, assaltos, estupros, roubos, assassinatos, tráfico de drogas e outros espécies de eventos criminosos passaram a coexistir pacificamente com as pessoas. Todo mundo orientado para morrer em paz. Qual o motivo de provocar a ira dos marginais? Morramos, pois, em paz, como dóceis cordeiros na fila do matadouro.

Assisti as cenas gravadas de um assalto num posto de gasolina. Dois marginais, um "menorzinho" de 17 anos, e outro "de maior". Impressiona a calma da cena. O casal no carro preto sai do veículo com as mãos na cabeça. Enquanto um dos bandidos os alivia dos seus pertencentes o outro se dirige a um carro branco, dá um tiro na cara do motorista, e retorna para continuar assaltando o frentista.

Não há gritos, não há correria, não há choro, não há desespero. Todos desempenham discretamente e corretamente os papéis que lhes cabem na cena: os bandidos na bandidagem, os assaltados sendo assaltados e o morto morrendo. Tudo na mais correta ordem e paz. Não fosse a tragédia, eu digo que até daria gosto de ver a ordem, a "normalidade" de tudo.

Não sei qual será o destino de cada um dos personagens. Quer dizer, menos o morto, que continuará morto, os assaltantes que continuarão assaltando, e as vítimas que continuarão sendo vítimas. Quer, pensando bem, eu sei...

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Os males da internete

Vejo na imprensa uma grande quantidade de matérias cujo foco são os males provocados pela internete. Primeiro é preciso dizer que a internete não é um ente, mas uma ferramenta que serve para os mais variados usos. O mal então não está na ferramenta, eis que ela não tem vontade própria, mas nas pessoas que a utilizam com fins destrutivos.

E isso não é uma exclusividade da internete, mas de tudo na vida. Sempre é possível usar qualquer coisa para o bem e para o mal. Até os mais inofensivos instrumentos podem virar uma ameaça na mão de alguém mal intencionado.

Esse é aliás um dos males da sociedade brasileira, uma certa "ingenuidade" no que se refere ao comportamento das pessoas. Por aqui há uma grande tendência de considerar todo mundo bonzinho, culpando-se o mau comportamento de muitos pelos problemas sociais e econômicos, Essa tendência é a de "coitadizar" os marginais.

A internete não é diferente, o que a torna um "prato cheio" para os mal intencionados é o elevado grau de liberdade existente na rede. Na prática, qualquer um faz o que quer, a rede transmite aos seus utilizadores uma (falsa!) imagem de que é possível permanecer anônimo, inatingível.

Sabemos que não é bem assim, que é possível rastrear os passos de alguém na rede. Mas, na prática, o que vemos é uma briga de gato e rato, um revela e esconde entre fraudadores, pedófilos, pornófilos, vigaristas, etc e as autoridade encarregadas de capturar esse tipo de gente.

Não há solução fácil para o problema. Não me agrada perder parte da liberdade que temos na rede, mas acredito que só há liberdade com responsabilidade e a não há responsabilidade suficiente para esse "liberou geral" que existe na rede. Seremos obrigados a conceder, a aceitar uma maior fiscalização em nome de uma maior limpeza no meio.

Sempre digo que o mito dos humanos bonzinhos terminou com o trio Adão e Eva e a serpente. De lá para cá não somos anjos, não somos puros, não somos bonzinhos. Só existe dois tipos de grupos: os comportados porque são fiscalizados, e os liberais que fazem o que bem entendem sem respeitar os outros.

Acreditar em qualquer outra coisa é ser ingênuo.